Sagitário – Signo
mutável, de fogo, regido exotericamente por Júpiter e
esotericamente pela Terra,
significante da Nona Casa no Zodíaco Natural e cujo glifo representa
a flecha do Arqueiro Divino (pois sagitta
em latim é flecha e sagittarius é aquele que a maneja, isto
é, o arqueiro).
Mutável
– porque ele se situa na transição entre duas estações, indicando novamente
a necessidade de adaptação e adequação do corpo e da alma ao clima e ao momento
psicológico que estamos atravessando.
De Fogo – porque compartilha com
Áries e Leão a centelha de energia que agora predispõe aos questionamentos e às
angústias da alma que anseia por algo mais do aquilo que oferece o plano material
(“De onde vim? Para onde vou? O que estou fazendo aqui?”). É o fogo do ideal
que nos impulsiona para quebrar recordes nas Olimpíadas ou para desbravar
outros horizontes mentais ou espirituais.
Júpiter: o maior Planeta de nosso Sistema
Estelar que compete com o Sol em formosura, luz, calor, nobreza e que
representa o nosso senso de justiça e a nossa capacidade de ir em busca de
ideais – seja no sentido desportivo, cultural ou religioso – é o seu regente
exotérico porque Sagitário é o terreno propício para que todas essas vibrações
se expressem. Júpiter é que faz o sagitariano, via de regra, colocar seu alvo
na edelweiss que desabrocha na montanha mais inacessível, cuja colheita será,
antes de mais nada, uma fantástica aventura.
Terra: é o regente esotérico deste
Signo porque simboliza o terreno sólido em que estamos encarnados e onde é
preciso colocar em prova e em prática não apenas os ideais, mas também a
cultura, a filosofia e os conceitos de Homem, Natureza e Deus.
Nona Casa: representa a área da vida em
que temos oportunidade de ampliar nossa conexão com o mundo, vivendo a
verdadeira aventura do espírito, seja através de estudos superiores, seja
através de viagens a locais distantes.
Agora vamos
ver que arqueiro celeste é esse que preside os céus de 21 de novembro a 21 de dezembro
todos os anos.
É Quíron, o
único centauro culto, inteligente e bondoso dentre todos os que são descritos
pela Mitologia Clássica. Porque ele combinou em si a prudência e a sabedoria de
seu pai Saturno com a delicadeza de sua mãe, a oceânide Filira.
Os
demais centauros eram seres brutais que usavam a inteligência (representada
pela cabeça, dorso e braços humanos bem como a parte superior da flecha), para
satisfazer a atrocidade de seus hábitos deploráveis (comer carne crua,
embriagar-se, estuprar mulheres) – esta representada pelo corpo de cavalo selvagem
e a parte da flecha abaixo do traço que a divide.
Quíron,
no entanto, desenvolveu as partes mais nobres de ambos os componentes de seu
corpo, pois expressava o ideal “mente sã em corpo são”: a parte eqüina nos
lembra o componente biológico de nossa totalidade que tem suas necessidades de
movimento, exercício, vida ao ar livre, enquanto que a parte humana simboliza a
superioridade que a razão, a cultura e a espiritualidade devem assumir diante
da matéria animal. Leonardo da Vinci também mostrou em sua Santa Ceia essa
dicotomia ao representar Sagitário através do apóstolo Pedro (o primeiro papa)
com uma faca na mão.
É esse ideal
arquetípico que leva às crescentes conquistas de novos recordes desportivos
durante as Olimpíadas que, aliás, ocorrem a cada vez num país diferente e cuja
bandeira representa a união de todos os continentes através do esporte, pois o
principal é competir com os outros para vencer a si mesmo, ultrapassando os
próprios limites – e não a glorificação do ego.
Durante
a vigência de Escorpião, o Sol nos propôs uma “descida aos infernos” e um
contato corajoso e decidido com nossa negatividade, para lembrar quanto nos
falta para sermos pequeninos deuses e lapidarmos nossa pedra bruta, através da
alquimia interior.
Sagitário o
sucede para alçar-nos aos cumes das montanhas e mostrar-nos todos os amplos horizontes
que se podem descortinar com a visão física ou espiritual, enriquecendo-nos e
ampliando nossa consciência. Isso pode ocorrer tanto no sentido horizontal,
conhecendo a geografia maravilhosa do Planeta em que vivemos, como também no
sentido vertical, pelo aprimoramento cultural e a expansão filosófica e religiosa
– no sentido etimológico desta palavra e não com o dogmatismo das crenças
institucionalizadas.
Assim, este mês não esqueçamos de
que todos contemos uma “fatia sagitariana” em nossa personalidade e, na área em
que está presente, precisamos – mais do que nunca durante este período do ano –
harmonizar a matéria com o espírito, a teoria com a prática, o discurso com a
vivência, as viagens para o estrangeiro com as viagens para nosso universo
interno. Vamos aproveitar este tempo para definirmos ou redefinirmos nossos
ideais, quem sabe há muito esquecidos como coisas meramente românticas e pouco
exeqüíveis no mundo cão da sobrevivência quotidiana. Quem sabe procuramos algum
novo curso de língua estrangeira, ou de religiões comparadas, ou de atualização
cultural? Quem sabe procuramos um pouco mais de vida ao ar livre, de natureza
em nossa vida tão urbana e asfaltada? Quem sabe fazemos o propósito de rir de
nós mesmos e nos darmos conta do ridículo a que todos estamos sujeitos? Quem
sabe finalmente decidimos fazer aquela viagem sempre adiada – seja para dentro
ou para fora?... E principalmente vamos responder a pergunta: qual centauro
vive em nós?
Estando conscientes e convictos do
ideal que nos anima, da nossa ligação eterna com o Divino estaremos nos
preparando para conquistar esses elevados píncaros com Capricórnio que
presidirá nosso céu (exterior e interior) a partir de dezembro.