(Roy
Harold Scherer Jr.) nasceu em Winnetka
(Illinois), a 17 de novembro de 1925 e faleceu em Los Angeles,
em 2 de outubro
de 1985.
Ator norte-americano, famoso pelos dramas que fez com o diretor
Douglas Sirk
e pelas comédias
românticas que estrelou ao lado de Doris Day.
A vida de Rock
Hudson foi de certa forma construída em cima de uma mentira. Após passar alguns
anos na Marinha, Roy Fitzgerald Scherer (seu verdadeiro nome) foi para
Hollywood tentar a carreira de ator. Boa pinta, com mais de 1.90 de altura, Roy
sabia que poderia encontrar uma boa oportunidade na terra do cinema. Lá começou
os primeiros passos rumo ao estrelado. Através de bons contatos profissionais o
ator conseguiu ser aceito na "fábrica de atores" da Universal e
começou a aparecer numa série de pequenos filmes do estúdio. Era o chamado Star
System. As companhias de cinema treinavam, ensinavam como se comportar em eventos
sociais e promoviam determinados atores para depois os transformarem em grandes
astros. Até mesmo seus nomes eram mudados e transformados, tudo num rígido e
bem pensado sistema de promoção à prova de falhas. E foi assim que nasceu
"Rock Hudson", um verdadeiro galã americano que em poucos meses já
havia se transformado no sonho de todas as mulheres daquele tempo. Rock era
considerado o "homem ideal" e o "marido perfeito" e assim
foi construído todo o seu mito. Durante mais de uma década foi o ator mais
popular de Hollywood, conquistando um sucesso de bilheteria atrás do outro. Era
definitivamente a personificação do Sonho Americano. Só havia um pequeno
detalhe nessa história de sucesso que era guardado a sete chaves pela
Universal: Rock era gay!
A autobiografia
de Rock foi escrita quando o ator estava em seu leito de morte, corroído pela
AIDS. Com receio de sua história ser distorcida por outros, Rock contratou uma
escritora profissional (Sara Davidson) e resolveu contar o seu lado da
história. Mesmo debilidado resolveu abrir o jogo sobre a verdade obscura atrás
da cortinas douradas de Hollywood. O retrato descrito por ele é demolidor. Rock
conta vários segredos de bastidores que deixariam qualquer um de seu fãs dos
tempos áureos de queixo caído. Em pouco mais de 400 páginas o ator fala sobre o
mecanismo de fabricação de ídolos e revela fatos até então nunca revelados.
Entre eles admite que só conseguiu o grande papel de sua carreira, no filme
Assim Caminha a Humanidade, após dormir com um dos principais executivos da
Universal. O sujeito, casado e pai da família, depois encontraria Rock em um
jantar social e sussurraria em seu ouvido que "ainda o amava"!
O
homossexualismo de Rock é mostrado sem rodeios. Os vários amantes e
companheiros de sua vida são nomeados e descritos sem qualquer problema. Não
poderia ser diferente, como Rock morreu antes da conclusão da autobiografia ele
pediu aos seus amores do passado que contassem toda a verdade sobre os anos que
viveram juntos. Essa parte do livro pode incomodar algumas pessoas pela
franqueza. As várias tentativas de encobrir sua vida pessoal também são
mostradas em detalhes. Entre elas a maior de todas: o casamento de fachada
entre ele e uma secretária de um dos seus agentes. Rock se casou com ela
justamente quando os boatos de que era gay ganhavam maior destaque na mídia.
Apesar de sempre haver dúvidas Rock conseguiu, a duras penas, manter sua fama
de "homem ideal" por várias décadas, tanto que o mundo recebeu com
grande surpresa em 1985 a notícia de que estava com AIDS por ser homossexual.
Outro aspecto
interessante do livro é mostrar a nítida transição que o cinema sofreu no final
dos anos 60 e começo dos anos 70. Rock descreve a dificuldade de se manter
trabalhando nesse período, quando os filmes passaram a retratar uma realidade
concreta da vida e não apenas uma realidade idealizada dos grandes filmes do
passado. Foi a época em que uma nova geração de atores surgiu, como Al Pacino,
Robert De Niro e outros. Astros com cara de gente comum, pessoas do povo, bem distante
da imagem de galã impecável do qual Rock era o símbolo maior. Sem trabalho Rock
teve que se contentar em fazer TV (que odiava) e Teatro (que amava). Enfim, o
livro é um excelente retrato de uma período que marcou a história do cinema.
Rock é mostrado não apenas como um grande ator desse tempo mas também como uma
pessoa muito humana que tentou sobreviver em Hollywood da melhor maneira que
podia. Sua coragem no final de sua vida ao revelar todos os seus segredos diz
muito sobre sua personalidade. Com sua morte Rock chamou a atenção da grande
mídia para a AIDS, que naquele momento ainda era uma doença relativamente
desconhecida do grande público. No final da vida soube utilizar bem o maior
segredo de sua vida para algo definitivamente positivo, pois despertou o mundo
para os perigos que a nova doença trazia. Seu livro é um testemunho de vida e
deve ser conhecido por todos.(Texto de Pablo Aluísio)
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