Cap. III, da obra “Estudios de Astrologia”,
Tomo III, de Elman Bacher (Trad. de Zilá P. Saldanha)
A essência do serviço espiritual de qualquer classe
é efetuada pela pessoa que transmuta as áreas negativas de seu próprio subconsciente,
fortalece e disciplina suas faculdades mentais, mantém sua consciência do
coração animada com o poder do amor e sempre busca perceber o melhor nos
outros. A percepção do bem verdadeiro ou do bem potencial nos outros é uma
ignição que, cedo ou tarde, torna possível a expressão desse bem. A essência do
progresso evolutivo é a consciência sempre em desenvolvimento do Bem; como
indivíduos, contribuímos para o progresso da raça em conjunto quando, por meio
da consciência regenerada, podemos alertar os outros em direção do
reconhecimento de suas mais altas potencialidades para a realização de seus
talentos ou habilidades, a saúde, o amor e o sucesso em qualquer campo de atividade.
O termo “luz branca” é uma expressão simbólica
dessa consciência. O branco que é a composição de todas as refrações da cor, em
sua forma mais pura, representa o símbolo da vibração da consciência que está
centrada em Deus. As refrações da luz branca podem ser citadas ou consideradas
como qualidades anímicas, correspondendo espiritualmente às variações encontradas
nos espectros das cores. Cada uma dessas cores manifesta o princípio da diversidade
como uma expressão da unidade, em que cada qualidade tem suas esferas
vibratórias desde os aspectos irredimidos mais primitivos até os mais
regenerados e mais altamente espiritualizados. Quanto maior for o grau de
pureza dos compostos brancos luminosos, melhores expressões vibratórias visuais
como símbolo de consciência aperfeiçoada.
O astrólogo, em seu estudo de horóscopos de seres
humanos, está em realidade estudando, analisando, sintetizando e interpretando
padrões vibratórios de qualidades anímicas que representam todas as possíveis
esferas de desenvolvimento e seu reflexo no mundo das formas, como padrões de
experiência. A consciência artística do pintor, por exemplo, é refletida pelo
que aparece em suas telas; a do músico se manifesta por aquilo que brota de seu
instrumento.
O astrólogo, que também é um intérprete, expressa
sua consciência por meio da maneira como interpreta os horóscopos dos outros;
os horóscopos são seus instrumentos – correspondentes ao pincel, às cores e à
tela do pintor, bem como ao violino do músico. A consciência do bem, do
astrólogo, corresponde ao composto das percepções artísticas do intérprete
estético. A inspiração é a combustão de todas as consciências que estão
ajustadas à verdade e à beleza. Para o astrólogo, essa combustão torna-se
possível quando ele carrega sua consciência com o desejo de interpretar o
horóscopo de acordo com o melhor de todas as suas potencialidades. Isso
significa que ele faz sua meta interpretativa fundamental a de alertar o
cliente para o reconhecimento do melhor e do mais delicado das tonalidades e
cores anímicas deste.
A impessoalidade do serviço do astrólogo torna
imperativo que, quando ele está em seu serviço[1],
eleve sua consciência dos padrões degradantes de sentimento e emoções pessoais.
Sugerimos, como técnica preparatória para desenvolver esta qualidade, a
meditação sobre o seguinte mandala: um círculo em branco, mas com um ponto
redondo exatamente em seu centro. Este mandala é a representação impessoal mais
perfeita que se pode fazer do horóscopo. Não transmite padrão de experiência,
padrão emocional, nem tampouco conflito, sofrimento ou dificuldade. O ponto no
centro pode representar o propósito da tarefa do astrólogo. É de um único
ponto, condensado e indiferenciado. Esse propósito será uma fonte de iluminação
espiritual para o cliente e, quando se focaliza e se concentra a própria
meditação sobre esse propósito, as degradações pessoais se desvanecem da
consciência do astrólogo. Desse modo, o astrólogo torna-se “luz branca”, e o
passo seguinte é tornar “luz branca” a seu cliente. Ele o faz acrescentando os
diâmetros vertical e horizontal ao referido mandala; o resultado é o retrato
mais abstrato e impessoal que se pode fazer de um ser humano. Esse mandala é um
quadro composto da consciência espiritual – o ponto central; o estado de
encarnação física é a cruz formada pelas linhas retas, e a envoltura do círculo
perfeito é o poder divino. O mandala representa a um ser humano que está
consciente de sua origem espiritual e da espiritualidade da encarnação. A
consciência de luz branca do astrólogo para com o cliente desenvolve-se por
intermédio da interpretação sobre este quadro.
O passo seguinte no desenvolvimento da consciência
de luz branca é que o astrólogo acrescente outros diâmetros ao mandala em
referência, completando assim a roda horoscópica duodécupla. O mandala
apresenta agora o quadro do cliente como sujeito aos mesmos padrões gerais de
experiência e relação que são comuns a todos demais seres humanos. Essas doze
“casas” são os “cômodos” da residência em que vive durante a encarnação a
entidade Humanidade. Cada uma é tão necessária como todas as outras, cada uma
tem significação particularizada na experiência, e cada uma é um plano para a
criação de bem maior em todos os planos da expressão e realização humanas.
O mandala, tal como aparece agora, é o padrão
essencial de todos os horóscopos. A meditação sobre ele, como uma representação
da vida humana, pode ser realizada por todos os astrólogos de modo que a
realização do propósito evolutivo na vida humana possa ser efetuada mais
profunda e mais clara a cada dia. Todo horóscopo percebido com uma “expressão
de variação” de seu mandala tem muito melhor oportunidade de ser interpretado
sensitiva e intuitivamente: sem essa preparação de “iluminação branda do padrão
básico”, o astrólogo corre o risco de enredar-se mentalmente entre todos os
fatores complexos de um horóscopo natal. Além disso – e isto é importante – já
que os horóscopos representam pessoas, o astrólogo desenvolve a sensibilidade
de produzir automaticamente “luz branca” às pessoas quando se relaciona com
elas em sua vida diária. Isso é um desenvolvimento natural de sua meditação
diária de luz branca sobre o mandala astrológico, porque ele projeta até as
pessoas uma consciência que se foi focalizando mais e mais em perfeições.
Com o desenho abstrato agora começamos a aplicar a
técnica de luz branca às variações pessoais; deixamos o padrão universal para
considerar padrões particulares.
A velha advertência “a caridade começa por casa”
pode repetir-se aqui desta maneira: o desenvolvimento da técnica de luz branca
começa com a meditação do astrólogo sobre o seu próprio mapa. Ele, um ser
humano, tem o mesmo padrão essencial que qualquer outro ser humano. Mas suas
particularidades diferem, até certo ponto, dos de qualquer outro.
O fato de ser ele um astrólogo não o exime
automaticamente de seus padrões de sentimentos pessoais na forma de
pré-julgamento, ressentimento, falso orgulho, inveja, etc.. Entretanto, o fato
de ser um astrólogo impõe-lhe a responsabilidade de transcender essas negatividades
tão logo e tão completamente quanto lhe seja possível. Seus aspectos negativos
podem congelar e cristalizar como os de qualquer outra pessoa; assim, ele, o
astrólogo, deve tornar sua consciência impessoal a si mesmo, o ser humano. Esta
é uma verdade: à medida que um astrólogo permanece fixo em padrões reacionais
negativos, ele limita suas habilidades interpretativas. Neste estado, ele
transpõe suas próprias negatividades a padrões semelhantes que ele possa
encontrar no mapa de outro. Por exemplo, um astrólogo do sexo masculino fixou-se
num padrão de aversão para com uma expressão feminina específica da vida
humana. Ele tem um profundo sentimento de animosidade para com essa expressão –
resultado de sua reação à experiência com um problema em alguma oportunidade do
passado. Ele não descarregou nunca seu sentimento de conflito de seu inconsciente.
Perguntamo-nos: como pode ele interpretar adequadamente e resolver psicológica
ou espiritualmente uma condição semelhante que ele venha a encontrar no mapa de
um outro homem? Há astrólogos que, motivados por profundos impulsos de
autodefesa e autojustificação não podem interpretar corretamente certos padrões
em seus mapas – que outros podem perceber com uma única olhada. Necessita-se
urgentemente um pouquinho de luz branca nesse ponto.
Nós, astrólogos, como coisa geral, não encontramos
dificuldade em “iluminar com luz branca” as doze casas do mapa. As casas
representam quadros de padrões de experiência básicos e, como tal, transmitem
um significado impessoal mais direto. Mas parece que alguns de nós o tomamos
para certos planetas e aspectos planetários. Por que? Porque os planetas são os
enfoques da consciência e alguns dos padrões que formam na relação entre si
pintam o conflito e as provas dos padrões da consciência. Temos a tendência de
considerar mal, perverso ou infortunado qualquer padrão de consciência que
inflame nossos níveis irredimidos de consciência, fazendo-nos, assim,
experimentar reações de dor. Aquelas que inflamam nossos níveis regeneradores
de consciência interpretamos como benéficas, afortunadas e felizes. O composto
simbólico que chamamos negro – perverso, doloroso ou mau – deve trabalhar-se
através da alquimia da experiência regeneradora e transmutar-se no que chamamos
branco. Por que, então, não aprendemos a perceber a brancura inerente em todas
as qualidades e relações planetárias? Isso abrange a fase interpretativa da
astrologia de luz branca.
A brancura de qualquer planeta é o princípio de
vida que está simbolizado por esse planeta. A diversidade de experiência de
qualquer planeta é simplesmente outra maneira de dizer: a diversidade de
expressão da consciência humana. Você está consciente desses princípios de acordo
com seu desenvolvimento; de acordo com sua falta de desenvolvimento você não
está consciente do sentido e do significado desses princípios. O objetivo de
iluminar com luz branca qualquer coisa é para fazer-se mais consciente do
sentido espiritual.
Por mais claramente que você como astrólogo possa
delinear e planejar o mapa de outra pessoa, sugere-se que se adapte a um plano
pelo qual você se torne mais perceptivo de sua própria brancura. Esse plano
implica na meditação sobre vários mandalas extraídos de seu próprio mapa; um
mandala para cada um de seus planetas. Esses mandalas não envolverão o uso de números
de nenhuma forma já que o número implica limitação e a brancura é ilimitada.
Não permita o emprego de uma só palavra-chave negativa e degradante nessas
interpretações. Use somente palavras que transmitam níveis de consciência
espiritualizada.
O mandala para a posição de seu Sol será um círculo
com as doze casas; o símbolo de Leão em sua cúspide de Leão; o símbolo do Sol
colocada na casa e no signo em que você o tem; o símbolo do signo solar
colocado na cúspide apropriada. Este é quadro concentrado de seu Sol visto com
a luz branca. Sintetize por palavras espirituais cada fator deste quadro – é a
essência espiritualizada de sua consciência solar, sua força de vontade e seus
propósitos, a irradiação do amor criador.
O mandala de sua Vênus: uma roda com a citada antes
com os símbolos de Touro e Libra nas cúspides apropriadas para seu mapa; o
símbolo de Vênus – o símbolo abstrato da consciência feminina realizada, os
refinamentos da alma, a consciência estética, a capacidade para a cooperação,
etc., para ser colocada na casa e no signo onde você a tem, o símbolo do signo
que contém Vênus colocado na cúspide apropriada para seu mapa. E assim
sucessivamente, um mandala para cada um dos outros planetas. A impressão
transmitida por cada um de seus mandalas planetários é a de uma cor pura – uma
luz flamejando sem obstáculo. Não há complicações nem limitações implicadas
para a habilidade dos planetas de irradiar em toda a sua capacidade.
Seu horóscopo de luz branca é um composto de todos
os seus mandalas planetários: uma roda com seus signos nas cúspides, seus
planetas colocados de acordo com as casas e os signos em que você os tem.
Utilizando os princípios mais espirituais como palavras-chave, você agora interpreta
seu mapa como uma representação do mais elevado e melhor que você é capaz de
experimentar e realizar nesta encarnação. Seu mapa nesta forma é um retrato
astrológico de seu eu ideal.
O passo seguinte é extrair um mandala de luz branca
da mesma maneira antes descrita, para cada um de seus aspectos de quadratura e
oposição; chamaremos a esses padrões mandalas de aspectos. Não coloque os graus
planetários no mandala de aspectos, mas medite com palavras-chave espirituais
sobre os planetas envolvidos. Como cada planeta em um mandala de aspecto
flameja com a mesma luz pura essencial que em seu próprio mandala, você está
exercitando agora a faculdade da síntese de iluminar com luz branca um padrão
duplo. Siga o mesmo plano na aplicação a seus aspectos compostos (envolvendo
três ou mais planetas).
Uma vez feita a preparação de luz branca, as
quadraturas e oposições em seu mapa natal serão vistas, clara e
verdadeiramente, como o processo de experiência e reações à experiência pelas
quais você regenera sua vida em todos os planos. Em conclusão, se oferece esta
exposição para sua consideração espiritual: a regeneração da consciência não é
com um propósito de fazer trígonos para o futuro, mas sim com o objetivo de
desenvolver a consciência de Deus através da expressão de seus planetas de
acordo com os princípios de luz branca experimentados com isso.
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