segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Astrologia de Luz Branca




Cap. III, da obra “Estudios de Astrologia”, Tomo III, de Elman Bacher (Trad. de Zilá P. Saldanha)

A essência do serviço espiritual de qualquer classe é efetuada pela pessoa que transmuta as áreas negativas de seu próprio subconsciente, fortalece e disciplina suas faculdades mentais, mantém sua consciência do coração animada com o poder do amor e sempre busca perceber o melhor nos outros. A percepção do bem verdadeiro ou do bem potencial nos outros é uma ignição que, cedo ou tarde, torna possível a expressão desse bem. A essência do progresso evolutivo é a consciência sempre em desenvolvimento do Bem; como indivíduos, contribuímos para o progresso da raça em conjunto quando, por meio da consciência regenerada, podemos alertar os outros em direção do reconhecimento de suas mais altas potencialidades para a realização de seus talentos ou habilidades, a saúde, o amor e o sucesso em qualquer campo de atividade.
O termo “luz branca” é uma expressão simbólica dessa consciência. O branco que é a composição de todas as refrações da cor, em sua forma mais pura, representa o símbolo da vibração da consciência que está centrada em Deus. As refrações da luz branca podem ser citadas ou consideradas como qualidades anímicas, correspondendo espiritualmente às variações encontradas nos espectros das cores. Cada uma dessas cores manifesta o princípio da diversidade como uma expressão da unidade, em que cada qualidade tem suas esferas vibratórias desde os aspectos irredimidos mais primitivos até os mais regenerados e mais altamente espiritualizados. Quanto maior for o grau de pureza dos compostos brancos luminosos, melhores expressões vibratórias visuais como símbolo de consciência aperfeiçoada.
O astrólogo, em seu estudo de horóscopos de seres humanos, está em realidade estudando, analisando, sintetizando e interpretando padrões vibratórios de qualidades anímicas que representam todas as possíveis esferas de desenvolvimento e seu reflexo no mundo das formas, como padrões de experiência. A consciência artística do pintor, por exemplo, é refletida pelo que aparece em suas telas; a do músico se manifesta por aquilo que brota de seu instrumento.
O astrólogo, que também é um intérprete, expressa sua consciência por meio da maneira como interpreta os horóscopos dos outros; os horóscopos são seus instrumentos – correspondentes ao pincel, às cores e à tela do pintor, bem como ao violino do músico. A consciência do bem, do astrólogo, corresponde ao composto das percepções artísticas do intérprete estético. A inspiração é a combustão de todas as consciências que estão ajustadas à verdade e à beleza. Para o astrólogo, essa combustão torna-se possível quando ele carrega sua consciência com o desejo de interpretar o horóscopo de acordo com o melhor de todas as suas potencialidades. Isso significa que ele faz sua meta interpretativa fundamental a de alertar o cliente para o reconhecimento do melhor e do mais delicado das tonalidades e cores anímicas deste.
A impessoalidade do serviço do astrólogo torna imperativo que, quando ele está em seu serviço[1], eleve sua consciência dos padrões degradantes de sentimento e emoções pessoais. Sugerimos, como técnica preparatória para desenvolver esta qualidade, a meditação sobre o seguinte mandala: um círculo em branco, mas com um ponto redondo exatamente em seu centro. Este mandala é a representação impessoal mais perfeita que se pode fazer do horóscopo. Não transmite padrão de experiência, padrão emocional, nem tampouco conflito, sofrimento ou dificuldade. O ponto no centro pode representar o propósito da tarefa do astrólogo. É de um único ponto, condensado e indiferenciado. Esse propósito será uma fonte de iluminação espiritual para o cliente e, quando se focaliza e se concentra a própria meditação sobre esse propósito, as degradações pessoais se desvanecem da consciência do astrólogo. Desse modo, o astrólogo torna-se “luz branca”, e o passo seguinte é tornar “luz branca” a seu cliente. Ele o faz acrescentando os diâmetros vertical e horizontal ao referido mandala; o resultado é o retrato mais abstrato e impessoal que se pode fazer de um ser humano. Esse mandala é um quadro composto da consciência espiritual – o ponto central; o estado de encarnação física é a cruz formada pelas linhas retas, e a envoltura do círculo perfeito é o poder divino. O mandala representa a um ser humano que está consciente de sua origem espiritual e da espiritualidade da encarnação. A consciência de luz branca do astrólogo para com o cliente desenvolve-se por intermédio da interpretação sobre este quadro.
O passo seguinte no desenvolvimento da consciência de luz branca é que o astrólogo acrescente outros diâmetros ao mandala em referência, completando assim a roda horoscópica duodécupla. O mandala apresenta agora o quadro do cliente como sujeito aos mesmos padrões gerais de experiência e relação que são comuns a todos demais seres humanos. Essas doze “casas” são os “cômodos” da residência em que vive durante a encarnação a entidade Humanidade. Cada uma é tão necessária como todas as outras, cada uma tem significação particularizada na experiência, e cada uma é um plano para a criação de bem maior em todos os planos da expressão e realização humanas.
O mandala, tal como aparece agora, é o padrão essencial de todos os horóscopos. A meditação sobre ele, como uma representação da vida humana, pode ser realizada por todos os astrólogos de modo que a realização do propósito evolutivo na vida humana possa ser efetuada mais profunda e mais clara a cada dia. Todo horóscopo percebido com uma “expressão de variação” de seu mandala tem muito melhor oportunidade de ser interpretado sensitiva e intuitivamente: sem essa preparação de “iluminação branda do padrão básico”, o astrólogo corre o risco de enredar-se mentalmente entre todos os fatores complexos de um horóscopo natal. Além disso – e isto é importante – já que os horóscopos representam pessoas, o astrólogo desenvolve a sensibilidade de produzir automaticamente “luz branca” às pessoas quando se relaciona com elas em sua vida diária. Isso é um desenvolvimento natural de sua meditação diária de luz branca sobre o mandala astrológico, porque ele projeta até as pessoas uma consciência que se foi focalizando mais e mais em perfeições.
Com o desenho abstrato agora começamos a aplicar a técnica de luz branca às variações pessoais; deixamos o padrão universal para considerar padrões particulares.
A velha advertência “a caridade começa por casa” pode repetir-se aqui desta maneira: o desenvolvimento da técnica de luz branca começa com a meditação do astrólogo sobre o seu próprio mapa. Ele, um ser humano, tem o mesmo padrão essencial que qualquer outro ser humano. Mas suas particularidades diferem, até certo ponto, dos de qualquer outro.
O fato de ser ele um astrólogo não o exime automaticamente de seus padrões de sentimentos pessoais na forma de pré-julgamento, ressentimento, falso orgulho, inveja, etc.. Entretanto, o fato de ser um astrólogo impõe-lhe a responsabilidade de transcender essas negatividades tão logo e tão completamente quanto lhe seja possível. Seus aspectos negativos podem congelar e cristalizar como os de qualquer outra pessoa; assim, ele, o astrólogo, deve tornar sua consciência impessoal a si mesmo, o ser humano. Esta é uma verdade: à medida que um astrólogo permanece fixo em padrões reacionais negativos, ele limita suas habilidades interpretativas. Neste estado, ele transpõe suas próprias negatividades a padrões semelhantes que ele possa encontrar no mapa de outro. Por exemplo, um astrólogo do sexo masculino fixou-se num padrão de aversão para com uma expressão feminina específica da vida humana. Ele tem um profundo sentimento de animosidade para com essa expressão – resultado de sua reação à experiência com um problema em alguma oportunidade do passado. Ele não descarregou nunca seu sentimento de conflito de seu inconsciente. Perguntamo-nos: como pode ele interpretar adequadamente e resolver psicológica ou espiritualmente uma condição semelhante que ele venha a encontrar no mapa de um outro homem? Há astrólogos que, motivados por profundos impulsos de autodefesa e autojustificação não podem interpretar corretamente certos padrões em seus mapas – que outros podem perceber com uma única olhada. Necessita-se urgentemente um pouquinho de luz branca nesse ponto.
Nós, astrólogos, como coisa geral, não encontramos dificuldade em “iluminar com luz branca” as doze casas do mapa. As casas representam quadros de padrões de experiência básicos e, como tal, transmitem um significado impessoal mais direto. Mas parece que alguns de nós o tomamos para certos planetas e aspectos planetários. Por que? Porque os planetas são os enfoques da consciência e alguns dos padrões que formam na relação entre si pintam o conflito e as provas dos padrões da consciência. Temos a tendência de considerar mal, perverso ou infortunado qualquer padrão de consciência que inflame nossos níveis irredimidos de consciência, fazendo-nos, assim, experimentar reações de dor. Aquelas que inflamam nossos níveis regeneradores de consciência interpretamos como benéficas, afortunadas e felizes. O composto simbólico que chamamos negro – perverso, doloroso ou mau – deve trabalhar-se através da alquimia da experiência regeneradora e transmutar-se no que chamamos branco. Por que, então, não aprendemos a perceber a brancura inerente em todas as qualidades e relações planetárias? Isso abrange a fase interpretativa da astrologia de luz branca.
A brancura de qualquer planeta é o princípio de vida que está simbolizado por esse planeta. A diversidade de experiência de qualquer planeta é simplesmente outra maneira de dizer: a diversidade de expressão da consciência humana. Você está consciente desses princípios de acordo com seu desenvolvimento; de acordo com sua falta de desenvolvimento você não está consciente do sentido e do significado desses princípios. O objetivo de iluminar com luz branca qualquer coisa é para fazer-se mais consciente do sentido espiritual.
Por mais claramente que você como astrólogo possa delinear e planejar o mapa de outra pessoa, sugere-se que se adapte a um plano pelo qual você se torne mais perceptivo de sua própria brancura. Esse plano implica na meditação sobre vários mandalas extraídos de seu próprio mapa; um mandala para cada um de seus planetas. Esses mandalas não envolverão o uso de números de nenhuma forma já que o número implica limitação e a brancura é ilimitada. Não permita o emprego de uma só palavra-chave negativa e degradante nessas interpretações. Use somente palavras que transmitam níveis de consciência espiritualizada.
O mandala para a posição de seu Sol será um círculo com as doze casas; o símbolo de Leão em sua cúspide de Leão; o símbolo do Sol colocada na casa e no signo em que você o tem; o símbolo do signo solar colocado na cúspide apropriada. Este é quadro concentrado de seu Sol visto com a luz branca. Sintetize por palavras espirituais cada fator deste quadro – é a essência espiritualizada de sua consciência solar, sua força de vontade e seus propósitos, a irradiação do amor criador.
O mandala de sua Vênus: uma roda com a citada antes com os símbolos de Touro e Libra nas cúspides apropriadas para seu mapa; o símbolo de Vênus – o símbolo abstrato da consciência feminina realizada, os refinamentos da alma, a consciência estética, a capacidade para a cooperação, etc., para ser colocada na casa e no signo onde você a tem, o símbolo do signo que contém Vênus colocado na cúspide apropriada para seu mapa. E assim sucessivamente, um mandala para cada um dos outros planetas. A impressão transmitida por cada um de seus mandalas planetários é a de uma cor pura – uma luz flamejando sem obstáculo. Não há complicações nem limitações implicadas para a habilidade dos planetas de irradiar em toda a sua capacidade.
Seu horóscopo de luz branca é um composto de todos os seus mandalas planetários: uma roda com seus signos nas cúspides, seus planetas colocados de acordo com as casas e os signos em que você os tem. Utilizando os princípios mais espirituais como palavras-chave, você agora interpreta seu mapa como uma representação do mais elevado e melhor que você é capaz de experimentar e realizar nesta encarnação. Seu mapa nesta forma é um retrato astrológico de seu eu ideal.
O passo seguinte é extrair um mandala de luz branca da mesma maneira antes descrita, para cada um de seus aspectos de quadratura e oposição; chamaremos a esses padrões mandalas de aspectos. Não coloque os graus planetários no mandala de aspectos, mas medite com palavras-chave espirituais sobre os planetas envolvidos. Como cada planeta em um mandala de aspecto flameja com a mesma luz pura essencial que em seu próprio mandala, você está exercitando agora a faculdade da síntese de iluminar com luz branca um padrão duplo. Siga o mesmo plano na aplicação a seus aspectos compostos (envolvendo três ou mais planetas).
Uma vez feita a preparação de luz branca, as quadraturas e oposições em seu mapa natal serão vistas, clara e verdadeiramente, como o processo de experiência e reações à experiência pelas quais você regenera sua vida em todos os planos. Em conclusão, se oferece esta exposição para sua consideração espiritual: a regeneração da consciência não é com um propósito de fazer trígonos para o futuro, mas sim com o objetivo de desenvolver a consciência de Deus através da expressão de seus planetas de acordo com os princípios de luz branca experimentados com isso.


[1] O grifo é nosso. (N.T.)

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